sexta-feira, 5 de agosto de 2011

DALMA NASCIMENTO SOBRE "O AMANTE DAS AMAZONAS"


DALMA NASCIMENTO SOBRE "O AMANTE DAS AMAZONAS"


Impacto diante de sua narrativa semelhante à do narrador da oralidade, e cinematográfica mesmo, no dizer da Eliana. Visualizam-se, de fato, todas as cenas iniciais, montadas com metáforas poéticas, sem maiores pretensões. Escreveu o quadro de uma época( 1897) com muito vigor e beleza. significativamente com densas impressões.

Nota-se, desde aí, a intensa pesquisa em todos os níveis: detalhes topográficos, sociais, culturais, além de fortes traços dolorosamente psicológicos. E tudo isso, embolado/embalado criativamente ,emergindo , sintético, no palco mental do narrador memorialista.Tocantes os flashes da situação e do ambiente. Pincelou a utopia do Eldorado, o dado "lendário, mítico'" do seringal, atraindo e destruindo "gentes".. Excelente a descrição (p.13 ) do narrador, lembrando-se e vendo-se menino diante do possível olhar dos irmãos:" Eu magro, olhar esmagado sob uns cachos de cabelos castanhso que tinha, abandonado, surgido como aparição...." e a sua solidão existencial com Genaro e Antônio, ambos bichificados, modificados naquela odisseia perambulante do viver na selva. Todos expropriados.pelo poder tirãnico do capital.

Com diferente dicção, é certo, já que a especificidade de seu discurso é bem outra, recorda, em parte, a escrita de Graciliano e também de Guimarães Rosa. Você traduziu, naquela atmosfera, desconhecida, sagrada com "densa leveza" a dureza do seringal. Creio ser este o qualificativo mais apropriado para falar do "clima' da sua construção meio mágica, meio real, histórica, ao mesmo tempo, culta e popular: " Densa Leveza". . Ainda não sei bem definir seu livro. Porém, no calor das coisas, bem iniciais, quero dizer que estou gostando. Isso já basta, não? Respondo-lhe, assim, a sua mensagem abaixo: " Espero que goste".

Eis então as impressões iniciais nestas frases meio soltas. Não estou fazendo análise, mas relatando o que as primeiríssimas páginas me suscitaram diante da singeleza sofisticada do texto ( já bem o disse Eliana). Gostei também de sua linguagem coloquial com aqueles " quês", que sintaticamente são "porques" ( conjunção causal ) que a toda hora você, corretamente, usa. E os ganchos da oralidade do narrador " inculto'., para engatar a história são também muito adequados.

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