domingo, 23 de outubro de 2011

AMÁLIA RODRIGUES, INSUPERÁVEL

Triste Sina Amália Rodrigues Mar de mágoas sem marés Onde não há sinal de qualquer porto. De lés a lés o céu é cor de cinza E o mundo desconforto No quadrante deste mar, que vai rasgando, No horizonte, sempre venta à minha frente, Há um sonho agonizando Lentamente, tristemente... Mãos e braços, para quê? E para quê, os meus cinco sentidos? Se a gente não se abraça e não se vê, Ambos perdidos. Nau da vida que me leva Naufragando em mar de treva, Com meus sonhos de menina. Triste sina! Pelas rochas se quebrou E se perdeu aonde leva este sonho Depois ficou uma franja de espuma A desfazer-se em bruma No meu jeito de sorrir ficou vingada A tristeza, de por ti, não ser mais nada Meu senhor de todo o sempre, Sendo tudo, não és nada!